20 de mai. de 2008

Quais são os preços do progresso?

O Estado de S. Paulo (Aliás)- domingo, 18/05/2008

A nova face da questão agrária

"Sub-repticiamente, na lógica própria do agronegócio empresarial, grandes conglomerados econômicos e financeiros internacionais descobriram a mina de ouro representada pela renda da terra no Brasil. Estão comprando e arrendando grandes extensões de terra da país, seja para revenda com a valorização especulativa, seja para produção de grãos, como soja e milho, para exportação. comparativamente baratas, em relação às do Estados Unidos, as terras brasileiras podem produzir com baixos custos brasileiros mercadorias vendidas a altos preços internacionais. O investidor obtém, assim, um lucro extraordinário com a chamada renda diferencial da terra. Mas ao mesmo tempo transfere para os consumidores os custos decorrentes da elevação do preço da terra estimulado pelo aumento da procura."

José de Souza Martins, professor de Sociologia da Faculdade de Filosofia da USP, autor de A Aparição do Demônio na Fábrica (Editora 34, 2008)

Enquanto isso...

TV Canal 13 Online, 17/05/2008 10h40

Biocombustíveis atraem investidores estrangeiros para o Piauí

O governador Wellington Dias estará em São Luís no dia 23 de maio, juntamente com os governadores do Maranhão, Jackson Lago, e do Tocantins, Marcelo Miranda, para assinar um Termo de Intenções para construção de um Etanolduto, que ligará os três estados de forma a contribuir com o escoamento da produção do etanol para o exterior, através do Porto de Itaqui, no Maranhão.

A notícia só reforça a certeza de uma perspectiva de crescimento no setor de biocombustíveis no Piauí. De acordo o superintendente de Relações Internacionais, Sérgio Vilela, alguns fatores provocam uma procura de investidores estrangeiros pelo biocombustível em lugares como a África e o Brasil. Aqui, algumas regiões são mais procuradas do que outras. “Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins são estados muito procurados por terem muita área para produção, diferente de outras áreas no Sul e Sudeste do país”, explica o superintendente.

Os investidores sabem disso e têm procurado mais informações sobre as potencialidades destas regiões, com intenções de se instalarem efetivamente. “Os nossos maiores problemas são de infra-estrutura (estradas, ferrovias, hidrovias e portos). No entanto, com alguns projetos já aprovados e muitas obras em execução, a projeção é de que até 2010 teremos mais estrutura para apoiar estes investimentos”, frisa Vilela.

No Piauí, mesmo com essas deficiências, investidores de mais de 10 países, como Portugal, Holanda e Itália, já desenvolvem no Estado projetos concretos na área de produção, que agora não e só do biocombustível, mas também de alimentos. Fatores como muitas terras baratas e disponíveis, muita água, sol e incentivos fiscais servem como atrativos. “Hoje existe uma crise de alimentos no mundo, por isso estes investidores são atraídos para cá, especialmente para o ramo de grãos”, destaca.

É o caso da empresa Perfil Agropecuária que está instalando uma usina de beneficiamento de arroz na região dos cerrados. Outra empresa, a Comanche Clean Energy, firmou há cerca de uma semana um protocolo de intenções para produzir o biodiesel e daqui a um ano já começa o processo de instalação da usina de etanol (álcool combustível). A Bunge, empresa holandesa que já está há algum tempo, também é um exemplo. “Uma empresa italiana assinará um protocolo, no final deste mês, para instalar na região do Parnaíba uma usina para produção de etanol e biodiesel”, acrescenta.

(...) Os países europeus e os EUA precisam produzir cada vez mais por conta do crescimento mundial, mas não têm mais terra, por isso o Brasil e mais especificamente o Piauí são tão favoráveis para eles. “É um quadro mundial que favorece essa procura pelo Piauí e por outros estados no centro no Brasil”, finaliza.

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É a bem vinda a contínua chegada do 'Progresso' tipo exportação. Mas, enquanto a riqueza produzida no Piauí só aumenta, os piauienses têm ganhado o quê com isso?

Faltam 47 dias para a viagem.